Fui convidado a entrar como esperado.
Estava sentada no chão,
Ouvindo Debussy com um copo de vinho na frente.
Aproximei-me de forma natural.
Antes de conseguir dizer boa noite
Um segundo copo ganhava vida
E sem um olhar foi-me oferecido.
Parecia ver a música com olhos carentes de plenitude.
Ainda que fascinado,
Comecei a sentir algum desconforto.
Fora convidado a desempenhar um papel secundário.
Serenamente sentei-me a seu lado,
Duvidando do êxito da minha missão.
Nenhum de nós tinha proferido uma só palavra.
Não me permitia ser eu a avançar.
Seria uma ousadia quebrar a solenidade do momento.
Num único gole devolvi o copo à sua condição inicial.
Nada me me restava, estava derrotado.
Recostei-me, deixei o corpo afundar-se no soalho.
Escutei o vinho precipitar-se
Seguido de uma voz envolvente.
Abri os olhos e rodei a cabeça.
Questionei sobre o sabor do vinho,
Falou-me da necessidade da música.
Estendeu o braço esquerdo em busca de um cigarro.
Compreendi a utilidade da caixa de fósforos próxima de mim.
Acendi o cigarro, certo do seu destino.
Fui surpreendido por nova oferta.
Observou por instantes a aleatoriedade do fumo e retirou-se.
Fiquei com a música, o vinho e o cigarro.
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