As ruas outrora totalmente desabitadas
Assistiam ao êxodo de corpos mundanos.
Ficávamos despertos,
Com olheiras sugestivas de comportamentos limite.
A mesma escada em que às vezes
Confidenciávamos episódios desprovidos de significado algum
Mantêm-se inalteradas.
É evidente a ingenuidade dos nossos actos,
Que nada produziram e nos trouxeram aqui.
sexta-feira, 4 de setembro de 2009
segunda-feira, 18 de maio de 2009
Estive ausente por um instante
Atento sigo o seu olhar,
Procuro decifrar…
Cada gesto voluntário revela um pouco mais.
A cadência da respiração é contagiante
E ao mesmo tempo serena.
A iminência da situação assim o exige!
Avanço hesitantemente corajoso,
Sem dar conta de tamanha evidência,
Como se o ruído me cegasse.
Precipitei-me no seu caminho,
Interferi na linha de visão;
Mas não…
Permaneceu como antes.
Perguntei-me se o ar que respirava
Nos era comum,
Assim como o chão que pisava.
Estive ausente por um instante.
Em simultaneidade temporal
Ocupamos agora o mesmo espaço.
Numa arrepiante certeza
Sinto que somos um no plural.
Procuro decifrar…
Cada gesto voluntário revela um pouco mais.
A cadência da respiração é contagiante
E ao mesmo tempo serena.
A iminência da situação assim o exige!
Avanço hesitantemente corajoso,
Sem dar conta de tamanha evidência,
Como se o ruído me cegasse.
Precipitei-me no seu caminho,
Interferi na linha de visão;
Mas não…
Permaneceu como antes.
Perguntei-me se o ar que respirava
Nos era comum,
Assim como o chão que pisava.
Estive ausente por um instante.
Em simultaneidade temporal
Ocupamos agora o mesmo espaço.
Numa arrepiante certeza
Sinto que somos um no plural.
sábado, 4 de abril de 2009
Desconstrução da morte
Procuravas uma saída. Aliás, a única viável.
A claridade do exterior diminuía exponencialmente.
Estavas só, como sempre,
mas desta vez uma completa desorientação
fora adicionada à equação habitual.
Num inútil exercício de memória
incursavas em crescente desalento.
Um ponto temporalmente isolado, da tua realidade,
era agora a tua morada.
A anulação da massa corporal
tornava intermitente o contacto com o solo.
A distância entre ti e ninguém decrescia visivelmente.
Mergulhavas velozmente no irreal,
na constatação do nada.
No último segundo de existência
pousaste o revólver sobre a mesa.
A claridade do exterior diminuía exponencialmente.
Estavas só, como sempre,
mas desta vez uma completa desorientação
fora adicionada à equação habitual.
Num inútil exercício de memória
incursavas em crescente desalento.
Um ponto temporalmente isolado, da tua realidade,
era agora a tua morada.
A anulação da massa corporal
tornava intermitente o contacto com o solo.
A distância entre ti e ninguém decrescia visivelmente.
Mergulhavas velozmente no irreal,
na constatação do nada.
No último segundo de existência
pousaste o revólver sobre a mesa.
quinta-feira, 2 de abril de 2009
Tudo aquilo que nada lhe dizia
Foi quase irrelevante o modo como se afastou do centro da acção.
Deixou para trás tudo aquilo que nada lhe dizia.
A permeabilidade do espírito condena-o uma vez mais.
O deambulatório é estático e interminável.
Na facilidade aparente esconde-se o sacrifício atroz da inevitável perda.
Não fosse o acaso pura coincidência e as consequências seriam irreversíveis.
A evidência dos sinais cegara-o momentaneamente.
A inutilidade dos membros torna redutor qualquer gesto reactivo.
Depois de caída, a crença jamais se ergue do vazio criado.
Voltar não passa de uma miragem num deserto sem oásis.
O esquecimento arquivado apagará o instante em que
Deixou para trás tudo aquilo que nada lhe dizia.
Deixou para trás tudo aquilo que nada lhe dizia.
A permeabilidade do espírito condena-o uma vez mais.
O deambulatório é estático e interminável.
Na facilidade aparente esconde-se o sacrifício atroz da inevitável perda.
Não fosse o acaso pura coincidência e as consequências seriam irreversíveis.
A evidência dos sinais cegara-o momentaneamente.
A inutilidade dos membros torna redutor qualquer gesto reactivo.
Depois de caída, a crença jamais se ergue do vazio criado.
Voltar não passa de uma miragem num deserto sem oásis.
O esquecimento arquivado apagará o instante em que
Deixou para trás tudo aquilo que nada lhe dizia.
quarta-feira, 1 de abril de 2009
Ouvindo Debussy
Fui convidado a entrar como esperado.
Estava sentada no chão,
Ouvindo Debussy com um copo de vinho na frente.
Aproximei-me de forma natural.
Antes de conseguir dizer boa noite
Um segundo copo ganhava vida
E sem um olhar foi-me oferecido.
Parecia ver a música com olhos carentes de plenitude.
Ainda que fascinado,
Comecei a sentir algum desconforto.
Fora convidado a desempenhar um papel secundário.
Serenamente sentei-me a seu lado,
Duvidando do êxito da minha missão.
Nenhum de nós tinha proferido uma só palavra.
Não me permitia ser eu a avançar.
Seria uma ousadia quebrar a solenidade do momento.
Num único gole devolvi o copo à sua condição inicial.
Nada me me restava, estava derrotado.
Recostei-me, deixei o corpo afundar-se no soalho.
Escutei o vinho precipitar-se
Seguido de uma voz envolvente.
Abri os olhos e rodei a cabeça.
Questionei sobre o sabor do vinho,
Falou-me da necessidade da música.
Estendeu o braço esquerdo em busca de um cigarro.
Compreendi a utilidade da caixa de fósforos próxima de mim.
Acendi o cigarro, certo do seu destino.
Fui surpreendido por nova oferta.
Observou por instantes a aleatoriedade do fumo e retirou-se.
Fiquei com a música, o vinho e o cigarro.
Estava sentada no chão,
Ouvindo Debussy com um copo de vinho na frente.
Aproximei-me de forma natural.
Antes de conseguir dizer boa noite
Um segundo copo ganhava vida
E sem um olhar foi-me oferecido.
Parecia ver a música com olhos carentes de plenitude.
Ainda que fascinado,
Comecei a sentir algum desconforto.
Fora convidado a desempenhar um papel secundário.
Serenamente sentei-me a seu lado,
Duvidando do êxito da minha missão.
Nenhum de nós tinha proferido uma só palavra.
Não me permitia ser eu a avançar.
Seria uma ousadia quebrar a solenidade do momento.
Num único gole devolvi o copo à sua condição inicial.
Nada me me restava, estava derrotado.
Recostei-me, deixei o corpo afundar-se no soalho.
Escutei o vinho precipitar-se
Seguido de uma voz envolvente.
Abri os olhos e rodei a cabeça.
Questionei sobre o sabor do vinho,
Falou-me da necessidade da música.
Estendeu o braço esquerdo em busca de um cigarro.
Compreendi a utilidade da caixa de fósforos próxima de mim.
Acendi o cigarro, certo do seu destino.
Fui surpreendido por nova oferta.
Observou por instantes a aleatoriedade do fumo e retirou-se.
Fiquei com a música, o vinho e o cigarro.
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